“... e é só isso que eu desejo: habitar no santuário do Senhor” (Sl 26,4)

Meus caros irmãos, a Igreja neste dia quer recordar a todos a importância de rezar e oferecer sacrifícios pelos irmãos que morreram, prática essa elogiada pela Sagrada Escritura e ensinada pela Igreja desde os primórdios. No entanto, antes de entrarmos em algum aspecto doutrinal, temos que constatar que não é possível viver esse dia e participarmos desta liturgia sem nos depararmos com a realidade da morte. Quando rezamos pelos que já se foram, vem ao nosso coração muitas lembranças, as recordações dos que amamos levam-nos às lágrimas e a questionamentos.

É verdade, como sinaliza o trecho que destaquei no início do salmo trazido na liturgia de hoje, que no mais íntimo do coração humano está o desejo de encontrar a Deus e habitar n’Ele. O coração do homem reclama a paz e a vida que não se apaga e só se encontra em Deus, porém, para isso, é preciso atravessar a misteriosa morte. Em nossa limitação, fazemos surgir muitas interrogações – “Porque tão novo?”; “Porque foi de repente?”; “Porque ele e não alguém mau?”; ou “Porque sofreu tanto?” “Porque desse jeito?”; “Porque tem que ser assim?”. A morte nos desafia! Diante de nosso cabedal de perguntas, e parece que só diante delas, descobrimos que definitivamente não temos o controle de tudo, não temos respostas, não somos deuses!

Geralmente nossos questionamentos se alimentam de uma visão bem materialista do ser humano. Achamos que a vida terrena é o bem maior que temos e esquecemos que ela deve ser vivida em direção à eternidade. Queremos mais a salvação das pessoas ou que elas permaneçam conosco? Será que se não fosse desse jeito, nessa idade ou com tantos sofrimentos, ou em tal momento repentino, ela seria salva? Às vezes o que achamos uma desgraça, na verdade em vista da salvação, pode ter sido, para aquela pessoa, a misericórdia de Deus, ou o momento exato de maior oportunidade de arrependimento. Mas não sabemos. O que sabemos é que Deus é muito maior que nós, tudo está em suas mãos e enquanto vemos dois palmos em nossa frente, Ele enxerga longe e age com justiça e misericórdia.

“Revela-nos algo muito importante a segunda leitura – “Se morremos com Cristo, cremos também que viveremos com Ele” (Rm 6,8).” - Se nos abrimos a Cristo, e às vezes isso acontece de um modo que não vemos na vida das pessoas, às vezes num último instante, podemos morrer nEle, e assim, termos vida. Isso não é uma construção poética, Cristo é a porta para um novo modo de morrer, em Jesus a morte não é escuridão, ela se torna encontro. Que trágico seria no fim de tudo as pessoas perceberem que de nada valeram suas ambições materiais, suas ideologias e rebeldias, seus prazeres transitórios e o orgulho, pois, passaram pela morte sem abrir a única porta que poderia tirá-las da escuridão! Nosso coração anseia pelo Senhor (Cf. Sl 26,4)e a porta que possibilita esse encontrode uma vida que não se acaba é Jesus Cristo (Cf. Jo 10,9).

Meus caros irmãos, a Igreja nos reuniu hoje aqui para rezarmos pelos fiéis defuntos, esse costume se baseia na fé bíblica e na Tradição apostólica. Ora, se Deus nos manda rezar pelos que já morreram é então realidade que existe um “lugar” destinado aos que morrem e precisam de purificação, seja para os que morrem com faltas leves, seja para os que morrem com resquícios das consequências dos pecados, pois Deus é o todo puro e nada de impuro consegue estar nEle, sendo assim, o purgatório é um ato da misericórdia divina, para que a alma que precise de purificação não seja descartada, mas preparada para Ele. As almas que estão no purgatório podem, por determinação de Deus, receber nosso auxílio, como bem compreendeu Judas Macabeu na primeira leitura (Cf. 2Mc 12,43-46), ele manda oferecer o culto sacrificial no templo pela purificação dos pecados dos seus companheiros. É exatamente isso que podemos melhor oferecer aos nossos entes queridos falecidos – a missa, os sacrifícios e nossa oração – assim Deus permite que sejamos irmãos e tenhamos caridade uns para com os outros. Não nos esqueçamos disso! O maior bem que podemos fazer aos que já se foram é oferecer orações e lucrar as indulgências que a Igreja nos concede a fim de oferecermos em expiação dos pecados dos falecidos para que contemplem o mais rápido a face de Deus.

Como pano de fundo deste dia está a cena que nos apresentou o Evangelho desta missa (Mc 15,33-39) – a crucificação e morte de Jesus. Deus assumiu a humanidade não de modo aparente e superficial, mas de modo verdadeiro, passou pela dor e pela morte, quis experimentar o abandono e a angústia como qualquer um de nós. O Filho de Deus, o santo, o justo sofre e morre para nos ensinar que aquilo que é mais terrível para o ser humano tem sentido e não é o fim se nos unimos a Ele. Depois da cruz se abre um novo horizonte, desconhecido, mas já desejado de modo quase inconsciente dentro de nós.

Vale a pena destacar a atitude do oficial do exército romano. Através do sofrimento e das trevas que estava assistindo, ao ver a entrega submissa e cheia de conteúdo, ele se abre à luz da fé e exclama – “verdadeiramente ele era o Filho de Deus” (Cf. Mc 15,39). As realidades da morte e dos sofrimentos aparentemente incompreensíveis são ocasião de revermos a vida, de reavaliarmos nossos critérios, de nos convencermos que não temos resposta pra tudo e que somos finitos, dependentes e destinados a atravessarmos a morte e abrirmos a porta para um encontro definitivo que não nos deixará no vazio, mas sim, introduzir-nos-á na plenitude.

Motivados pela fé no Filho de Deus que venceu a morte e nos dá vida, ofereçamos ao Senhor esta missa e nossas orações para que brilhe para os nossos irmãos falecidos a luz eterna e habitem tão logo no santuário do Senhor.

Que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus e pela intercessão da Virgem Maria, descansem em paz. Amém.

 Por: Padre Matheus Pigozzo

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